PROJETO VALE DA PONTE DOS ARCOS
Ano: 2013
Projeto e execução: José Balan Filho
O módulo objeto desse projeto é apenas uma pequena fração da
maquete que um amigo está construindo no subsolo da sua casa.
Para dar "uma força" vários
amigos da Associação Paranaense de Ferreomodelismo e Memória Ferroviária tem-se
reunido para colaborar na execução do trabalho.
A parte que me cabe escolhi
aleatoriamente dentro de um projeto imenso que toma todo o subsolo.
Só para que se tenha uma ideia o módulo inteiro mede menos
de meio metro quadrado...
DE ONDE VEIO A ESCOLHA DA PONTE?
A ponte que escolhi para o projeto foi inspirada na Ponte
dos Arcos de Balsa Nova, projeto fantástico de 585 metros de comprimento por 60
de altura, uma obra prima de engenharia que já tem meio século.
Na foto abaixo, mostro, na maquete, o local que
escolhi para fazer o módulo. O formato irregular que defini (na hora não me dei conta...)
transformou-se num desafio maior para
executar a caixa e fazer o paisagismo.
Com uma folha de papel manteiga fiz um gabarito do formato
escolhido, ressaltando o local exato onde passariam os trilhos. Esse desenho
foi fundamental para a execução correta da caixa e para a perfeita localização
da ponte.
Para fazer a caixa utilizei MDF de 6 mm nas laterais e no fundo. Na parte da frente, devido à necessidade da curvatura, usei MDF de 4 mm.
Na foto abaixo a primeira estrutura da ponte, já com a
curvatura e altura corretas, obedecendo rigorosamente o gabarito.
Na etapa seguinte reforcei
a parte superior da ponte, para ficar com uma espessura dentro da escala 1:87.
Técnica:
fabricando os arcos:
Seria impossível fazer os arcos sem um novo gabarito, uma
vez que além da curvatura dos arcos há, ainda, a curvatura da própria ponte.
Para fazer os arcos utilizei três camadas de estireno de 2
mm, coladas entre si com Super Bonder.
Com o arco colado e preso ao gabarito lixei os dois lados
para nivelar as lâminas de estireno.
Nas duas fotos seguintes todos os arcos já estão em seus
devidos lugares, inclusive com a reprodução do reforço em vigas verticais da
ponte original (à direita da foto).
A parte mais grossa onde se apoiam os pilares da ponte,
determinam o nível de todo o paisagismo, como o rio e a cascata.
Nesta foto um detalhe dos reforços.
Na foto seguinte reforcei a base dos arcos. Observe que já
indiquei com um lápis qual seria a altura do relevo.
Nas laterais da ponte apliquei estireno de 1 mm. Também não
foi esquecido o recuo de segurança para algum andarilho distraído...
Antes da pintura do fundo com tinta automotiva na cor cinza, lixei
toda a ponte para que houvesse melhor aderência da tinta ao estireno.
O passo seguinte foi fazer a base do relevo com isopor. As peças recortadas foram coladas
à caixa com cola PVA. Convém observar que a parte do fundo, atrás da ponte, há
um sulco por onde passará o rio. O sulco foi executado com soprador térmico,
conforme pode ser visto na foto abaixo.
Na etapa seguinte esse sulco foi alisado e recebeu massa acrílica,
aplicada com um pincel.
Após a etapa do isopor, veio a colocação das pedras. As
pedras foram feitas com gesso utilizando os moldes C1236 (Classic Rock) e C1243
(Base Rock) da Woodland Scenics .
Embora no cenário apareça uma quantidade muito grande de pedras, basicamente elas saíram desses dois moldes. As pedras foram recortadas, quebradas, às vezes esculpidas para mudar o formato, mas tiverem como base os dois moldes citados acima. Algumas pedras (bem poucas) saíram de outros moldes que fiz para a Cidade Ferroviária.
Técnica: como aplicar “atadura gessada”:
Antes do assentamento das pedras, o Isopor recebeu três camadas de “atadura gessada” para dar consistência ao conjunto. Após seca, essa cobertura de “atadura gessada” recebeu diversas demãos de massa acrílica. Essas ataduras são compradas em lojas que vendem suprimentos médicos.
A utilização da atadura gessada é muito simples: corta-se em pedaços, molha-se durante um segundo na água, e aplica-se sobre o relevo, que pode ser de isopor ou papel. Com os dedos deve-se espalhar o gesso que impregna a malha e que foi amolecido pela água. Conforme a atadura vai secando, é possível trabalhar com ela dando-lhe formatos diversos. Isto ajuda no resultado final do relevo.
Nas duas fotos abaixo mostro com ficou o cenário com as
pedras principais em seus lugares.
Algumas pedras (ou pequenas elevações) foram feitas com a própria atadura gessada.
Na foto abaixo o conjunto com todas as pedras
Técnica:
pintando as pedras com a técnica “leopardo”:
Na etapa seguinte pintei todas as pedras, utilizando a
técnica “leopardo”.
As tintas utilizadas da Woodland, foram as seguintes: Stone
Gray (C1218), Slate Gray (C1219), Burnt Umber (C1222), Yellow Ocher (C1223) e
Black (C1220). Para fazer as partes
marrons, mais escuras, sempre na
base das pedras, utilizei Pó Xadrez diluído em água.
A técnica consiste em escolher uma coloração principal (tonalidade dominante) e com ela fazer diversas “manchas” na pedra. Aplicar as demais cores escolhidas, preenchendo os espaços livres. Com a cor dominante mais “aguada” fazer a mixagem das cores. Obtida a pintura desejada aplica-se uma boa camada de Matte Medium, que é uma cola transparente produzida pela Model Landscaping Supplies (Scenic Express). Quando a cola estiver seca (esperar 24 horas) aplica-se a cor Black diluída (1 parte de tinta x 32 partes de água). Imediatamente- com um pano seco - limpa-se a pedra deixando apenas a tinta que penetrou nas trincas e pequenas fissuras da pedra. O objetivo dessa camada é ressaltar as trincas e fissuras da pedra. Quando a tinta estiver seca aplica-se uma nova camada de Matte Medium para selar todas as cores. O link da Woodland que ensina a utilizar essa técnica é o seguinte: http://youtu.be/3SfP4RpcDYw
As áreas que vão receber gramados, arbustos e árvores foram
pintadas com Green Undercoat da Woodland
Scenics (C1228).
Na foto abaixo mostro a aplicação da primeira camada de
gramado, utilizando a textura Blended Turf (Green Blend – T1349). Ressalto que
as pedras receberam a última camada de tinta para realçar as fissuras.
Chamo
a atenção para as duas partes escuras da foto acima. É o fundo das duas
pequenas cascatas, conforme destaco abaixo.
Esse fundo
foi realizado para destacar a água que cairá em forma de cascata. A cor escura
no fundo, além de tentar representar aquele musgo que cresce nas pedras onde há
muita umidade, vai servir para dar destaque à cortina d’água.
Técnica:
como fazer o fundo da cascata:
A execução desse fundo foi assim: Apliquei com pincel uma
grossa camada de massa acrílica, devidamente colorida com a tinta Stone
Gray C1218, da Woodland. Sobre a massa
acrílica fixei os tufos de Lichen (Dark Green L164) em camadas bem finas.
Depois que a massa acrílica secou recortei os excessos de Lichen e borrifei uma
camada de cola Matte Medium seguida de
Coarse Turf (Medium green T1364) e outra camada de Blended Turf (Green Blend
T1349). Esperei 24 horas para a secagem e, para fixar todo o conjunto, utilizei novamente
o Matte Medium.A pequena cachoeira, na parte da frente da maquete, também
foi executada com a mesma técnica.Ao lado da cascata apliquei Maple foliage spring (930-21) da
Silflor.
A mesma vegetação foi
aplicada dos dois lados da cabeceira da ponte, conforme mostro nas fotos
abaixo. Chamo a atenção para novas pedras (Rock Debris C1275-medium brown,
C1270-fine buff, e C1276, coarse brown),
e pedaços de árvores secas ( Dead Fall S30), que foram colocados em
diversas partes do rio e do remanso à frente da pequena cachoeira. As pedras
mais claras que aparecem nas fotos receberam pintura na etapa seguinte. Todos
são produtos da Woodland Scenics.
Após as etapas acima passei a fixar em seus lugares a
vegetação mais densa, como moitas, trepadeiras e árvores. Os materiais
utilizados foram Green Blend Blended Turf, Coarse Turf e Underbrush. Depois
acrescentei Clump Foliage e pequenas árvores, em duas cores Fine-Leaf Foliage olive green F1133 e médium
green F1131. As trepadeiras da foto acima (Maple foliage spring) são da
Silflor, código 930-21. As outras trepadeiras são da Woodland (foliage light
green e médium green, códigos F51 e F52.
Após essa etapa adicionei ao rio a primeira camada de
resina, com pouco catalizador para evitar a formação de ondulações (a cada 100
ml de resina, apenas 10 gotas de catalizador). Na preparação da resina
adicionei um pouco de parafina líquida (10 gotas para 100 ml de resina) para
que ao final da secagem a resina não fique grudenta. A mistura dos elementos deve ser cuidadosa
para evitar a formação de bolhas.
Após a secagem da primeira camada de resina passei a
adicionar volume à vegetação. Isso foi feito com novs árvores de Fine Leaf
Fopliage, de diversas cores e tamanhos, cuidando sempre com a harmonia do
conjunto. Essa vegetação foi adicionada
tanto na frente como atrás d ponte. O resultado é o da foto seguinte. A foto
não ficou bem iluminada porque ela estava num ambiente onde não havia possibilidade
de receber iluminação adicional.
Como pode ser visto na foto seguinte, adicionei pequenas
moitas de capim dentro do rio (ref 727-32 da Silflor) para que fossem levemente
cobertos pela água e desse o aspecto “molhado” dessa vegetação que fica meio
submersa.
Observem que dei volume à vegetação que cobre a base dos
pilares. No pequeno remanso também dá para ver o detalhamento com novas pedras,
moitas de capim e galhos de árvores trazidos pela água.
A pintura do fundo do rio é uma etapa muito importante para
se obter um cenário realista, indicando profundidades e áreas de água parada.
Técnica:
como obter profundidade na água:
Pinta-se o fundo do rio com tinta mais escura onde se
pretende obter mais profundidade. O “degradé” da tinta, indo da cor escura até
mais clara, vai indicar que o rio diminui a profundidade até chegar à margem.
Para dar mais realismo pode-se fazer manchas no fundo do
rio, que simulam vegetação apodrecida, lodo, etc. A colocação de pequenas pedras, troncos e
vegetação submersa dá o visual pretendido a uma área bem úmida da maquete.
Convém observar que a vegetação está praticamente pronta,
inclusive com as trepadeiras subindo pelos pilares da ponte.
Para complementar o cenário, adicionei vegetação sobre as
pedras (Fine-Leaf Foliage) variando apenas em cor, tamanho e textura. As cores
de vegetação utilizadas foram “light, médium e dark green”.
Na parede de pedras do fundo, imaginei a existência de uma mina com a água
escorrendo em lâmina bem fina pelas rochas. O resultado foi obtido com
repetidas demãos de “Realistic Water” (ref
C1211) da Woodland sobre as pedras.
Na foto abaixo, que registra o outro lado do rio, nota-se
bem o cuidado na pintura do fundo do rio e nos demais elementos da paisagem.
Para complementar adicionei entre as árvores alguns produtos
que resultassem naquela textura composta de fragmentos de galhos e folhas. Os
produtos utilizados, todos da Scenic Express,
foram Adirondack blend EX9078 (green), Scrub grass blend X882B e Dead fall
forest debris EX896B.
Depois dessa fase apliquei mais uma camada de resina. Por
que a aplicação é feita em camadas? Porque a resina reage com o catalizador e
seca através de uma reação química. Se colocarmos uma camada grossa demais, a
resina parte, faz fissuras, e nem sempre é fácil corrigir isso. Então, a
técnica é ir colocando camadas finas.
Normalmente, para um trabalho de laminação ou cópias em
molde, utiliza-se 40 gotas de reagente para cada 100 ml de resina. Nesse
projeto diminuí para 20 gotas. Fazendo isso consigo diminuir a ondulação da
resina, e ela demora um pouco mais para secar. Isto não é problema já que não
preciso esperar a resina secar totalmente para adicionar a outra camada. Aliás,
se a camada anterior ainda não está bem seca, facilita a aderência da camada
seguinte.
Técnica: Como
fazer as cascatas?
A técnica que utilizo é a recomendada pela Woodland. Sobre
uma forma com Teflon aplico várias camadas paralelas de Water Effects (C1212).
Com um pedaço de pente faço a mistura do produto procurando
imitar o movimento da água quando cai na cascata. Depois de seca fica
transparente, como se vê na segunda foto.
Faço isso para dar volume à cascata, já que é possível
aplicar um pigmento branco ao produto Water Effects, que já ficará com a cor e
a consistência definitivas.
É importante ressaltar que convém fazer a cascata no tamanho correto (altura e
largura) bastando para isso apenas medir o local onde a cascata vai ser
aplicada. O corte posterior da cascata já pronta deixa marcas difíceis de serem
corrigidas.
Fixando a
cascata:
A fixação da cascata ao lugar reservado para ela se dá com o
próprio produto. Aplica-se Water Effects na parte superior da cascata, e com os
dedos comprime-se no lugar para dar aderência.
Na sequência pode-se dar continuidade ao paisagismo
aplicando Water Effects para dar movimento à água.
Como afirmei acima, costumo aplicar uma primeira camada sem
o pigmento branco, para dar volume e demarcar a área que vai receber o Water
Effects definitivo. Veja foto abaixo.
Após essa etapa faço a aplicação de Water Effects para dar
movimento à água. Nas fotos abaixo isto está sendo feito na parte alta e na
parte baixa da cachoeira. A mesma técnica foi aplicada nas duas cachoeiras
abaixo da ponte.
O visual, antes da secagem completa da Realistic Water é o
que está registrado nas fotos abaixo.
DAQUI PARA A FRENTE APRESENTO ALGUMAS FOTOS DO PROJETO CONCLUÍDO.
Detalhes da mina na parede de pedras
A aplicação da técnica correta permite a impressão da transparência, água parada,
umidade, lodo, etc.
Detalhe da vegetação crescendo sobre as pedras
Outra visão da mina
Os materiais da Woodland são indispensáveis para conseguir
esse efeito da cascata com o movimento da água
As pequenas cachoeiras, com a secagem completa do Water effects,
ficarão com a tonalidade correta
Mais duas vistas diferentes da ponte
Detalhes da umidade sobre as rochas
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